O prédio comercial passou por reformas, mudou de nome, de cor, mas há quem jure que as almas dos mortos ainda passeiam pelos corredores do Joelma. Viestel acha tudo besteira, mas ri quando diz que tem certa participação nisso.
“Depois do incêndio, muitos curiosos iam visitar o prédio. Como os bombeiros esqueceram alguns caixões, eu os jogava de um andar mais alto. Todo mundo corria de medo e eu achava engraçado”.
Para fugir do fogo, 13 pessoas acabaram morrendo dentro do elevador. Como não foram identificadas, surgiu o "mistério das 13 almas". A elas seriam até mesmo atribuídos milagres.
Mas a fama sinistra do Joelma vai além. Antes de o prédio ser construído, houve um assassinato naquele local.
Um homem matou a mãe e as irmãs e as enterrou no poço dos fundos da casa. Quando o caso foi descoberto, ele se suicidou.
Falar da tragédia é complicado para Viestel, que dedicou parte de sua vida ao trabalho no Joelma. Ele era o gerente do estacionamento e lembra que foi acordado quando avisaram sobre o fogo.
Da sua parte, diz que fez o que pôde. “Eu testava as mangueiras (de incêndio) uma vez por semana. As minhas estavam em perfeito estado. As dos bombeiros começaram a falhar. Até emprestei para eles”, conta.
Potencial turístico
Percebendo que a cidade tem cantos com fama assustadora, o guia de turismo Carlos Roberto Silvério, diretor da Graffit Viagens e Projetos Turísticos, criou o roteiro “São Paulo de Outro Mundo”.
“Queríamos mostrar a cidade de uma forma diferenciada. Percebemos que São Paulo tinha esse atrativo de lendas e mitos urbanos”.
Silvério conta que a procura começou entre os góticos, mas o passeio caiu no gosto dos moradores da cidade, de turistas do interior paulista, do exterior e de outros estados do Brasil.
As saídas acontecem, desde 1999, uma vez por mês. “A idéia é mostrar a cidade de forma diferenciada”. E bota diferente nisso.
O roteiro inclui visitas a cemitérios, como o da Consolação. “É a paixão. Os aficionados por arte tumular gostam muito”, diz o guia.
A Casa da Dona Yayá, no Centro, também é visitada. Rica herdeira paulistana, Sebastiana de Mello Freire, mais conhecida como Dona Yayá, tinha problemas mentais. Em 1920, por recomendação médica, mudou-se para a chácara, que ganhou seu nome.
O local foi adaptado para que ela pudesse receber o tratamento. Um solário foi construído com altas paredes de vidro para a paciente não fugir.
Dona Yayá, que viveu anos trancada, morreu em 1961 e a casa virou centro cultural. O lado “mal-assombrado” da questão está no fato de pessoas afirmarem que a ilustre moradora vaga por ali.
Mas quem não sentiria medo em passar sozinho pelo Castelinho da Rua Apa, também no Centro? As paredes estão caindo aos pedaços, há uma pilha de entulho no chão e pouco faz lembrar que aquilo é um pequeno castelo, a não ser a torre.
O mesmo terreno abriga a ONG Clube de Mães do Brasil, que tem oficina profissionalizante de costura e de manuseio com produtos recicláveis, além de funcionar como creche.
A maranhense Maria Eulina Reis Hilsenbeck é quem administra o local. Ela não gosta quando o assunto envolve as histórias assustadoras sobre o castelo, que ela não reforma por falta de dinheiro.
Mas cede e admite que existe uma “energia” diferente no ar. “É uma troca de energia. Está em volta da gente e não devemos ter medo”, diz Eulina.
Ela conta que teve um breve contato com a tal “energia” certa noite. “Ele (seria um garoto) estava na porta do castelinho com os braços cruzados me olhando. Perguntei o que estava fazendo ali e ele saiu”, relata a maranhense, que se diz espiritualista.
O público achou que era milagre o enforcador ter falhado e passou a considerar Chaguinha milagroso. Ele foi enterrado no cemitério dali.
Um tanto lúgubre, mas bonita. “Algumas pessoas contam que vêem e sentem espíritos, mas eu nunca vi”, afirmou uma vendedora de flores que trabalha há 20 anos na porta da igreja.
Os relatos de prédios e construções sinistras em São Paulo vão além. Passam pelo Palácio da Justiça, onde, segundo o guia de turismo "ouvem-se choros e barulhos de pessoas condenadas que se dizem injustiçadas".
Cruzam também o famoso Edifício Martinelli, no Centro, por onde “desfilaria” a alma de uma loira (a loira do Martinelli). Nem a Câmara dos Vereadores foi poupada e estaria povoada de espíritos.
“Depois do incêndio, muitos curiosos iam visitar o prédio. Como os bombeiros esqueceram alguns caixões, eu os jogava de um andar mais alto. Todo mundo corria de medo e eu achava engraçado”.
Mas a fama sinistra do Joelma vai além. Antes de o prédio ser construído, houve um assassinato naquele local.
Um homem matou a mãe e as irmãs e as enterrou no poço dos fundos da casa. Quando o caso foi descoberto, ele se suicidou.
Falar da tragédia é complicado para Viestel, que dedicou parte de sua vida ao trabalho no Joelma. Ele era o gerente do estacionamento e lembra que foi acordado quando avisaram sobre o fogo.
Da sua parte, diz que fez o que pôde. “Eu testava as mangueiras (de incêndio) uma vez por semana. As minhas estavam em perfeito estado. As dos bombeiros começaram a falhar. Até emprestei para eles”, conta.
Potencial turístico
“Queríamos mostrar a cidade de uma forma diferenciada. Percebemos que São Paulo tinha esse atrativo de lendas e mitos urbanos”.
As saídas acontecem, desde 1999, uma vez por mês. “A idéia é mostrar a cidade de forma diferenciada”. E bota diferente nisso.
O roteiro inclui visitas a cemitérios, como o da Consolação. “É a paixão. Os aficionados por arte tumular gostam muito”, diz o guia.
A Casa da Dona Yayá, no Centro, também é visitada. Rica herdeira paulistana, Sebastiana de Mello Freire, mais conhecida como Dona Yayá, tinha problemas mentais. Em 1920, por recomendação médica, mudou-se para a chácara, que ganhou seu nome.
O local foi adaptado para que ela pudesse receber o tratamento. Um solário foi construído com altas paredes de vidro para a paciente não fugir.
Dona Yayá, que viveu anos trancada, morreu em 1961 e a casa virou centro cultural. O lado “mal-assombrado” da questão está no fato de pessoas afirmarem que a ilustre moradora vaga por ali.
Dona de uma ONG, Maria Eulina diz não ter dinheiro para reforma do Castelinho da Rua Apa (Carolina Iskandarian/ G1)
Mas quem não sentiria medo em passar sozinho pelo Castelinho da Rua Apa, também no Centro? As paredes estão caindo aos pedaços, há uma pilha de entulho no chão e pouco faz lembrar que aquilo é um pequeno castelo, a não ser a torre.
O mesmo terreno abriga a ONG Clube de Mães do Brasil, que tem oficina profissionalizante de costura e de manuseio com produtos recicláveis, além de funcionar como creche.
A maranhense Maria Eulina Reis Hilsenbeck é quem administra o local. Ela não gosta quando o assunto envolve as histórias assustadoras sobre o castelo, que ela não reforma por falta de dinheiro.
Mas cede e admite que existe uma “energia” diferente no ar. “É uma troca de energia. Está em volta da gente e não devemos ter medo”, diz Eulina.
Ela conta que teve um breve contato com a tal “energia” certa noite. “Ele (seria um garoto) estava na porta do castelinho com os braços cruzados me olhando. Perguntei o que estava fazendo ali e ele saiu”, relata a maranhense, que se diz espiritualista.
Liberdade
E, quem diria, o bairro mais oriental de São Paulo também leva a fama de assustador. De acordo com o guia Carlos Roberto Silvério, por reunir os lugares mais sinistros, a Liberdade, na região central, é a campeã no quesito mal-assombrado. A começar pela Capela dos Aflitos, que data do século XVIII.
Fachada da Capela dos Aflitos, na Liberdade (Carolina Iskandarian/ G1)
Há quem acredite que o nome do templo, localizado na pequena Rua dos Aflitos, é uma referência a Nossa Senhora dos Aflitos, mas existe outra versão: “É em função dos escravos que eram enforcados”, explica Silvério.
O local do sacrifício? O Largo da Forca, hoje conhecido como Largo da Liberdade e onde está a Estação Liberdade do Metrô.
Em uma parte do bairro foi construído o primeiro cemitério da cidade. Daí a suspeita de que almas vagariam pelas ruas e becos à noite.
“Por ter sido um cemitério, muita gente comenta que alguns corpos ainda estão enterrados aqui. As pessoas dizem que vêem vultos e ruídos”, conta o guia, que brinca com a situação.
No passeio, os turistas são acomodados em um ônibus decorado com teias de aranha, crânios e crisântemos, flores típicas de velórios. Tem trilha sonora também.
Um eterno passante da Liberdade seria o espírito do soldado Francisco José das Chagas, o “Chaguinha”. Depois de duas tentativas frustradas, foi enforcado na terceira vez em praça pública.Fachada da Capela dos Aflitos, na Liberdade (Carolina Iskandarian/ G1)
Há quem acredite que o nome do templo, localizado na pequena Rua dos Aflitos, é uma referência a Nossa Senhora dos Aflitos, mas existe outra versão: “É em função dos escravos que eram enforcados”, explica Silvério.
O local do sacrifício? O Largo da Forca, hoje conhecido como Largo da Liberdade e onde está a Estação Liberdade do Metrô.
Em uma parte do bairro foi construído o primeiro cemitério da cidade. Daí a suspeita de que almas vagariam pelas ruas e becos à noite.
“Por ter sido um cemitério, muita gente comenta que alguns corpos ainda estão enterrados aqui. As pessoas dizem que vêem vultos e ruídos”, conta o guia, que brinca com a situação.
No passeio, os turistas são acomodados em um ônibus decorado com teias de aranha, crânios e crisântemos, flores típicas de velórios. Tem trilha sonora também.
O público achou que era milagre o enforcador ter falhado e passou a considerar Chaguinha milagroso. Ele foi enterrado no cemitério dali.
Parte desativada no interior da Igreja Santa Cruz das Almas dos Enforcados (Carolina Iskandarian/ G1)
“Dizem que ainda perambula, inconformado com a situação pela qual passou”, contou Silvério. O tour pelo bairro passa ainda pela Igreja Santa Cruz das Almas dos Enforcados.Um tanto lúgubre, mas bonita. “Algumas pessoas contam que vêem e sentem espíritos, mas eu nunca vi”, afirmou uma vendedora de flores que trabalha há 20 anos na porta da igreja.
Arrepios
Os relatos de prédios e construções sinistras em São Paulo vão além. Passam pelo Palácio da Justiça, onde, segundo o guia de turismo "ouvem-se choros e barulhos de pessoas condenadas que se dizem injustiçadas".
Cruzam também o famoso Edifício Martinelli, no Centro, por onde “desfilaria” a alma de uma loira (a loira do Martinelli). Nem a Câmara dos Vereadores foi poupada e estaria povoada de espíritos.
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