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quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Famílias dizem ter recebido sinais de mortos do 11 de Setembro



Americana que perdeu marido no WTC compilou em livro histórias de premonições antes dos ataques e de supostas mensagens post mortem.


Ventos isolados em um dia sem nenhuma brisa. Moedas que aparecem misteriosamente. Visões dos que haviam morrido dias ou meses atrás.
Para dezenas, esses foram sinais enviados por seus parentes após morrerem nos ataques às Torres Gêmeas do World Trade Center (WTC), em Nova York, no 11 de Setembro.
“A primeira vez que tive certeza de ver meu marido foi seis meses depois de sua morte”, disse ao iG Joanne Kelly. “Ouvi um barulho como se alguém estivesse se mexendo, e fui de quarto em quarto na minha casa, ver o que era. Quando cheguei à cozinha, lá estava ele, de costas. Depois se virou e sorriu, foi até a porta e sumiu. Ele vestia exatamente a roupa que usava em 10 de setembro: bermudas, camiseta e um boné de beisebol na cabeça. Depois disso, as moedas começaram a aparecer.”
Joanne tem quatro filhas. Antes de seu marido, James Kelly, morrer, eles tinham o hábito de tirar cara ou coroa para dividir tarefas entre si, como definir quem buscaria as filhas em uma festa, por exemplo.
Na noite de 10 de setembro, uma das meninas precisava de material para terminar um trabalho escolar. James queria sair para correr, mas Joanne sugeriu que definissem na sorte quem iria à loja comprar o que faltava para a filha.
“Ele riu e acabou me convencendo a ir sem tirar o cara ou coroa. Mas, depois de sua morte, as moedas de 25 centavos começaram a aparecer nos lugares mais estranhos, mesmo em gavetas em que nunca as colocaria, como no banheiro”, afirmou a viúva.
Bonnie McEneaney também perdeu o marido, Eamon (com quem teve quatro filhos), no colapso das Torres Gêmeas.
Segundo ela, só depois da tragédia é que se deu conta de que seu marido pode ter pressentido sua própria morte.
Durante um almoço no feriado do Dia do Trabalho nos EUA, uma semana antes dos atentados de 2001, ela disse que Eamon assustou a família ao afirmar acreditar que terroristas voltariam a atacar o WTC.
Ao dizer isso, Eamon se referia à explosão de um carro-bomba que deixou sete mortos e vários feridos no subsolo da Torre Norte em fevereiro de 1993.


Eamon McEneaney, uma das vítimas dos ataques contra as Torres Gêmeas do World Trade Center, em Nova York, no 11 de Setembro de 2001

De acordo com Bonnie, seu marido chegou a conjecturar animadamente com seu irmão se, no caso de um novo ataque, devia levar seus colegas para o teto do edifício ou para o andar térreo. Eles decidiram, disse Bonnie, que a melhor saída seria o teto.

“Dois dias antes dos atentados, estávamos conversando, e Eamon me disse: ‘Não tenho mais medo de morrer. Quando acontecer, estarei preparado, então não se preocupe comigo’. Na hora fiquei preocupada e achei que meu marido estivesse ficando deprimido”, disse.
Bonnie aponta outras medidas adotadas pelo marido como sinais de que se preparava para uma tragédia iminente.

Segundo ela, cerca de dois meses antes dos ataques, Eamon aumentou o valor de seu seguro de vida e começou a instruí-la a ser mais rígida na educação dos filhos.

“Sou uma pessoa muito pé no chão. Então, quando ouvia isso dele, achava que era depressão, exagero ou sua reação ao se sentir envelhecendo. Mas, depois que tudo aconteceu, ficou muito claro para mim que ele efetivamente sabia e se preparou para algo importante”, afirmou. 
Dias após o colapso das torres, Bonnie e sua família ainda procuravam Eamon nos hospitais de Nova York, como milhares de outras famílias.
“Aquela situação de total desconhecimento sobre o paradeiro da pessoa é completamente extenuante. Por isso, em 13 de setembro, depois de dois dias sem dormir e enquanto parentes e amigos faziam ligações para tentar localizá-lo, fui até o jardim e fiquei observando aquele dia quente, sem nenhuma brisa, totalmente estagnado. Depois de um tempo, com muita frustração, gritei: ‘Por favor, Eamon, me diga: onde você está?’, e foi aí que aconteceu. Ele ou alguém ou alguma coisa respondeu.”
De acordo com Bonnie, a copa de uma árvore enorme do jardim de sua casa, na qual Eamon anos atrás havia escrito ‘O Amor é Para Sempre’, começou a se mexer.
“No início, pouco, mas com o passar do tempo as folhas se mexiam todas, como se um rio de vento passasse por ali. Nada mais se mexia, só a copa daquela árvore. Depois esse vento veio até mim e foi embora”, relatou Bonnie.
“Não sei o que era isso, mas sabia que era uma resposta à minha pergunta: Eamon estava morto, e talvez ele mesmo estivesse me dizendo isso.”

Tronco da árvore em que Eamon McEneaney escreveu para a mulher, Bonnie: 'O Amor é para Sempre.' McEneaney morreu nos ataques do 11 de Setembro - Foto: Arquivo pessoal

Nas várias cerimônias que se seguiram nos dias e meses seguintes, ela começou a conversar com outras famílias sobre experiências parecidas.
Depois de ouvir centenas de histórias de supostas mensagens e sinais recebidos das vítimas do 11 de Setembro, Bonnie decidiu escrever o livro “Messages, Signs, Visits and Premonitions from Loved Ones Lost on 9/11” (“Mensagens, Sinais, Visitas e Premonições de Entes Queridos Mortos no 11 de Setembro”, em tradução livre).

Bonnie McEneaney, autora do livro 'Mensagens, Sinais, Visitas e Premonições de Entes Queridos Mortos no 11 de Setembro' - Foto: Divulgação

"Não sei se é Deus, não sei se são os mortos, se é a própria natureza se comunicando. O que sei é que essas mensagens são muito positivas para quem as recebe, e ajudam no luto de muita gente. Então, por que não contá-las para todos lerem?”, completou. 

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