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domingo, 3 de abril de 2011

Carma, destino ou maldição?

Por volta das Três horas


Por volta das 3 da tarde, algo me chamou muita atenção no Templo Amara. Uma inquietude espiritual fora do comum que vinha da corrente de "Ere", entidades que raras vezes visitam o templo nos dias de atendimento. Estes dias são freqüentados por pessoas que carregam sobre seus ombros (vida carmica), um peso, influências e resgates de vidas passadas e que sem sequer perceberem, são guiados, dirigidos, permanecendo de mãos dadas por correntes obcessoras. O pequeno Gilberto desencarnou há mais de 180 anos e viveu em sua ultima vida no continente Africano. Gilberto era filho de um operário, que trabalhou por muito tempo em uma mina de garimpo e tragicamente em um dia de trabalho, a mesma desabou e soterrou o pequeno garoto e os demais familiares, matando todos que estavam no local. O "Ere" me sorria muito... E seus olhos pretos, brilhando como duas belas e saborosas jabuticabas que suplicavam por socorro e corria para o Templo, pedindo minha atenção. Firmei meu pensamento e pedi ajuda ao Preto Velho - Pai Felício que imediatamente veio ao meu encontro, e pedi o seu auxilio para entender o comportamento de Ogoma (nome Africano do pequeno Gilberto). Ao perceber o movimento de Ogoma, Pai Felício também se assustou, mas ainda assim foi para junto do "Ere". Quando o Preto Velho se aproximou de mim, disse-me. - Roberio, chame o Senhor Ogum! E repetiu por diversas vezes, aumentando o tom de sua rouca voz. Chamei o "Senhor Ogum" que prontamente me atendeu de imediato, pedindo que eu sentasse à frente da minha mesa de trabalho e alertando-me para que eu deixasse imediatamente a sala de atendimento e que me dirigisse para qualquer lugar do Templo. Fiz o que o "Senhor Ogum" me determinou e fui ate a cozinha. Ao chegar, imediatamente enxerguei "Vaporé" e Pai Felício pede minha ajuda no Templo. Quando observo, adentrando ao local o Sr. Paulo (pseudônimo) estático com os braços torcidos e o tórax e a cabeça invertida para trás. Seu crânio com um tamanho absurdamente exagerado e assustador, gemia demais como um animal. Dos seus lábios escorria uma gosma com um cheiro insuportável de peixe estragado. Eu parei! Confesso, o medo tomou conta de mim... O que fazer? : Minha vontade era correr e quando tentei me afastar... Daquela coisa, daquela matéria bizarra com os membros invertidos e torcidos perguntei ao "Senhor Ogum...". - O que faço? Como sempre, o Senhor Ogum me sorriu tranquilamente e disse. - Tudo tu tens... Mas você merece! E para continuar merecendo, mais tem em vossa missão, no seu carma... O dever de proteger os humanos que são atacados violentamente por espíritos do mal, que vêem na missão de destruir seus irmãos humanos. Há cada um que ajudar, mais receberá. Neste instante, Paulo solta sua sombrosa voz... Não era a voz dele e sim um sussurro que diz. - Saia daqui... seu... Neste instante, dei-lhe as costas, talvez até por medo e eis que dois cotovelos fortíssimos atingem minha cabeça. A dor foi imensa... Parecia uma dor de fogo... Minhas pernas queimavam... Perdi a respiração... Minha boca estava incendiando... Meu abdômen tinha um peso que jamais havia sentido... Cai feito um pedaço humano e quando olhei para um dos lados, o "Senhor Ogum" me afirmou em alto e bom som. - Levanta-se... Mas eu não encontrava forças e com mais firmeza ele disse novamente. - Levanta-se... Quando tentava reagir, o Senhor Ogum adentra a meu corpo. Após alguns instantes, voltei em mim, a minha pele exalava um odor forte de anfíbio podre... Senti ânsia de vômito, queria retirar de qualquer maneira o que estava dentro de mim. Avisto Paulo caído, branco, pálido como cera e os nossos irmãos no plano espiritual fluindo. Nesta altura Pai Felício e "Ere" me retiram do chão. Vou ao toalete e consigo expelir tudo. Estava mal, muito mal... Pernas, braços, cabeça, tudo me doía... E uma forte tosse toma conta de mim... Tentei retirar o que ainda restava dentro do meu corpo... E nesse momento sai uma esfera verde de tamanho de uma bola de ping-pong e cai dura dentro do WC. Mais aliviado, o "Senhor Ogum" se aproxima e explica. - Este homem ia morrer, pois fora feito um trabalho para ele. Foi algo forte, magia negra, há mais de cinco anos atrás. Ele já tinha perdido tudo. Todos os bens materiais que construiu... seus sonhos. Fique bem... tudo foi embora. Paulo chorava muito e contava que conheceu o inferno nos últimos anos. Fazendeiro, com mais de mil cabeças de gado havia perdido tudo em um acidente que o deixou entre a vida e a morte. Viveu um grande martírio, enfim seu relato de vida era de extrema dor. Mas por que a vida dele virou este Caos? Não era Carma, nem Destino e sim uma Maldição. Seu corpo, sua vida e sua mente não lhe pertenciam mais, eram usados, possuídos conduzidos por espíritos das trevas, que se alimentam por perturbar a vida de Paulo e seus familiares.

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